TPI abre investigação <br> a crimes sionistas
O Tribunal Penal Internacional anunciou o arranque do processo para a eventual investigação de crimes de guerra cometidos por Israel contra os palestinianos. Segundo explicou na sexta-feira, 16, o gabinete da procuradora da entidade sediada em Haia, na Holanda, nesta fase pretende-se determinar se existe «base razoável» para abrir um inquérito, o qual, garante, será conduzido «com total independência e imparcialidade».
A adesão formal da Autoridade Nacional Palestiniana ao Estatuto de Roma, nos primeiros dias de Janeiro, abriu caminho ao início do chamado exame preliminar por parte do TPI. 123 estados, entre os quais não estão nem Israel nem os EUA, subscrevem a autoridade e competência do tribunal.
Israel reagiu rapidamente ao anúncio e através do ministro dos Negócios Estrangeiros classificou a decisão de «escandalosa». Para Avigdor Lieberman, o único objectivo é «sabotar o direito de Israel a defender-se do terrorismo». No mesmo sentido, o departamento de Estado norte-americano considerou «contraproducente» para o processo de paz e «uma ironia trágica» a abertura do procedimento pelo TPI, com o qual «discordamos totalmente», frisou em comunicado.
Recorde-se que em Julho do ano passado Israel lançou a sua terceira ofensiva militar contra a Faixa de Gaza em seis anos. Mais de 2200 palestinianos, na sua maioria civis, morreram. Centenas de milhares sobrevivem no território em condições extremamente duras, com acesso muito limitado a água potável, energia eléctrica, saneamento básico, assistência médica e medicamentosa, e enfrentando graves carências alimentares.
Paralelamente à ofensiva em Gaza, o governo sionista iniciou uma campanha de provocação e punição na Cisjordânia e em Jerusalém, detendo mais de dois mil palestinianos em cerca de três meses.
No campo diplomático, o sionismo já fez saber que dará combate à pretensão palestiniana, nomeadamente através da pressão para que as «nações amigas» cortem o financiamento ao TPI, esclareceu o responsável das relações externas de Israel. «Existem muitos países que também pensam que não existe justificação para a existência do TPI», revelou mesmo Lieberman. Os EUA, recorde-se, foram os grandes impulsionadores da criação do tribunal.